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Você provavelmente já ouviu o termo “vitória pírrica”, aquela conquista excessivamente custosa, cujos resultados se tornam pouco compensatórios. Isso porque Pirro, rei da Macedônia e grande pedra no sapato de Roma – não confundir com Pirlo – ganhou notoriedade pelo estado acabado de seu exército após vencer a Batalha de Ásculo, na Guerra Pírrica. Vamos, no entanto, tratar de apenas uma característica de Pirro e seus comandados: a elefantaria, que significa exatamente o que parece.
Se hoje existem tanques de guerra, drones e textos de Facebook, os elefantes já foram utilizados como excelentes artifícios bélicos. Alguns séculos antes de Cristo, tem-se registro do manuseio militar dos portadores de tromba mais famosos desse planeta. Razões não são difíceis de apontar. Como explicou sucintamente o historiador Adrian Goldsworthy: “eles são grandes, cinza, fazem barulhos estranhos e fedem: eles assustam pessoas!”. Apesar de grandalhões, os elefantes costumam ser rápidos, podendo atingir aproximadamente 40 km/h. No caso dos conflitos, eram protegidos por armaduras e acolhiam mais de um soldado montado.
Se persas e cartagineses fizeram uso desses mamíferos – nessa pintura de Charles Le Brun, Alexandre retorna com um elefante do derrotado Dario III –, a Batalha de Heracleia, pontapé inicial das Guerras Púnicas, consolidou-se como um dos momentos mais marcantes da elefantaria. Isso porque Pirro, defendendo a Magna Grécia, comandou a vitória de 35 mil homens e 20 elefantes contra 45 mil da República Romana, embora esses números não sejam muito exatos. Os romanos, que nunca haviam visto aqueles animais gigantes com trombas, sofreram um estrago.
A adoção da pólvora desestimulou o uso dos elefantes, dado que, afinal, matá-los se tornou uma tarefa muito mais fácil. Contextos militares mais recentes contam com esses mamíferos em transporte de carga ou cruzamento de terrenos específicos. Ah, sim: a aproximação do homem com o animal em questão também gerou o esmagamento por elefantes. Isso, porém, fica para outro dia.