Coluna de ombudsman extraída da edição de outubro de 2014 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.
O leitor que comparar um número do RelevO do início do ano com o de setembro vai pensar se tratar de outro jornal. Houve avanços consideráveis. A capa de Mariana Benevides foi um marco para a história do periódico. As fotos de Isabella Lanave, independentes do texto e até da diagramação, atestam que há espaço para outras artes. Neste sentido, este ombudsman não pode deixar de registrar todos os elogios aos editores, que tiveram coragem de mudar tão radicalmente.
Dos leitores, uma reclamação justa: o padrão dos anúncios. Além de não haver parâmetros claros para a publicação das propagandas, quero acrescentar que elas estão atrapalhando o texto, poluindo as páginas. Claro que a publicidade é fundamental para a existência do jornal, mas a forma com que ela é apresentada precisa ser repensada. Vamos aos exemplos: o centro de ensino de idiomas Fisk pagou os mesmos cinquenta reais que a panificadora e confeitaria Água na Boca pelo espaço e, ainda assim, um anúncio não tem o destaque do outro, nem o tamanho nem outras características.
Há que se inspirar nos grandes jornais, que sabem fazer com que propaganda e matéria convivam em harmonia. A publicidade deve ser também, na medida do possível, arte. Ora, o objetivo do jornal não é divulgar o belo, o estético? De maneira que, como exemplo, basta o leitor abrir a edição de setembro na página 4 para perceber que as imagens não estão nítidas, que os reclames não estão chamativos e que atrapalham a harmonia da página.
Não sei se deixar uma página exclusiva para os anúncios seria uma boa solução, isto terá de ser discutido pela equipe, mas é uma alternativa que não pode ser descartada. Também é preciso considerar se é possível que os diagramadores do jornal deem uma mãozinha na confecção dos anúncios, inclusive convidando outros colaboradores (artistas) para ajudarem na empreitada. Evidente que o valor cobrado para a publicação dos comerciais teria de ser mais alto.
Houve também um leitor que questionou a falta de transparência na escolha do editor. Acredito que o jornal deva ter independência para a seleção e acho também que não há necessidade de se tornarem públicos os critérios de definição. Mas vou aproveitar o registro para cobrar novamente que o RelevO deve constituir urgentemente um conselho editorial. A julgar pelo expediente, o grupo ainda não existe. A multiplicidade de pontos de vista só trará benefícios ao periódico.
Por fim, gostaria de assinalar que estou muito satisfeito por estar contribuindo para o crescimento deste jornal. Sempre acreditei nas publicações alternativas e penso que elas têm muito mais a contribuir com a cultura do que os grandes periódicos, sempre dependentes de arranjos para sobreviverem. É fundamental que o RelevO continue com sua autonomia e, ao mesmo tempo, avance em suas receitas.
Nota do editor:
Estamos buscando, a partir desta edição, uma maior padronização dos anúncios. Como tivemos mudança de planejamento gráfico no mês anterior, algumas questões de distribuição ficaram prejudicadas. Esperamos ter avançado um pouco em relação a isso. Sobre a formação de um conselho editorial, não há falta de interesse do núcleo mais regular do periódico, apenas nunca conseguimos montar uma equipe que se comprometesse mensalmente a avaliar os critérios. Contudo, a ideia será retomada com mais afinco a partir de novembro.