Baú: Michael Lewis

Extraído da edição 73 da Enclave, a newsletter do Jornal RelevO. A Enclave, cujo arquivo inteiro está aqui, pode ser assinada gratuitamente. O RelevO pode ser assinado aqui.

Greg Lippmann imaginou o mercado hipotecário subprime como um grande cabo de guerra financeiro: em uma ponta estava a máquina de Wall Street provendo os empréstimos, empacotando os títulos e reempacotando os piores títulos em CDOs. Quando ficou sem empréstimos, essa máquina criou falsos títulos do nada. Na outra ponta, seu nobre exército de vendedores a descoberto apostou contra os empréstimos. Os otimistas versus os pessimistas. Os fantasiosos versus os realistas. os vendedores de CDSs versus os compradores. Os errados versus os certos. A metáfora estava certa até certo ponto: este ponto. Agora, a metáfora era de dois homens amarrados dentro de um barco, lutando até a morte. Um homem mata o outro, empurra seu corpo inerte lançando-o ao mar – somente para descobrir que ele mesmo foi puxado para fora. “Operar vendido em 2007 e ganhar dinheiro com isso foi divertido, porque éramos os ‘vendidos bandidos‘”, disse Steve Eisman. “Em 2008, era o sistema financeiro inteiro que estava em risco. Ainda operávamos vendido. Mas você não quer que o sistema quebre. É como se o dilúvio estivesse prestes a acontecer e você fosse Noé. Você está na arca. Sim, você está bem. Mas não está feliz olhando para o dilúvio. Este não é um momento feliz para Noé”.

Michael Lewis, A Jogada do Século (The Big Short), 2010. Ed. Best Seller, 2011.