Extraído da edição 43 da Enclave, a newsletter do Jornal RelevO. A Enclave, cujo arquivo inteiro está aqui, pode ser assinada gratuitamente.
Spade sentou-se na cadeira verde. O gordo começou a encher dois copos com a garrafa e o sifão. O rapaz havia sumido. As portas, situadas em três das paredes da sala, estavam fechadas. A quarta parede, atrás de Spade, era vazada por duas janelas que davam para a rua Geary.
— Começamos bem, senhor — ronronou o gordo, virando-se com um copo na mão, que ofereceu para Spade. — Não confio em um homem que não bebe à vontade. Se ele precisa tomar cuidado para não beber demais, é porque não se pode confiar nele quando bebe.
Spade segurou o copo e, sorrindo, fez o início de um cumprimento com a cabeça, por cima da sua bebida.
Dashiell Hammett, O Falcão Maltês (Companhia das Letras, 2001, p. 142).