Mateus Lourenço

Coluna de ombudsman extraída da edição de julho de 2014 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


Pouca gente imagina que o RelevO já tenha quarenta anos. Provavelmente porque o RelevO não tem quarenta anos. Tem quatro. Nos mais de mil dias de vida material e digital, houve grande evolução, esse fenômeno comum a todos os seres vivos não integrantes do Casseta e Planeta. Nota-se, por exemplo, como a diagramação avançou. Quero dizer, olhe para essa página. Não se preocupe com ler, por ora; apenas aprecie um pouco dessa limpeza visual elegante aliada à capa e às belíssimas ilustrações componentes de cada exemplar, que, feito o Facebook, “é gratuito e sempre será” (ao menos, acho eu que será. Isso não é um comunicado oficial. Não me cobre). Enquanto você o aprecia, acrescentarei algumas linhas de Lorem Ipsum. Pode resumir a leitura no parágrafo seguinte. Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipisicing elit, sed do eiusmod tempor incididunt ut labore et dolore magna aliqua. Ut enim ad minim veniam, quis nostrud exercitation ullamco laboris nisi ut aliquip ex ea commodo consequat.

Dirijamo-nos agora aos textos. Com o intuito de revelar gente não publicada, o RelevO oferece uma oportunidade muito, muito legal de apresentar material e, principalmente, acreditar nele. Claro que qualquer um pode publicar o que quiser na internet, além de divulgar para quem entender, potencializando um alcance indubitável. Por outro lado, a sensação de ter seu texto impresso e espalhado, de saber que alguém disse “gostei do que você escreveu; posso repassar em papel?” oferece um empurrão capaz de alterar seu pequeno universo circum-navegatório.

Não há literatura sem leitores, como não há idolatria a David Luiz sem sérios problemas gerais de interpretação. Os textos, enfim, também melhoraram muito, sustentados por uma base maior de colaboradores, interessados e curiosos. O que começou como mezzo belo projeto, mezzo belíssimo pretexto para o editor enviar e receber poesias de belas mulheres, já se transformou em mezzo belo projeto, mezzo belíssimo pretexto para o editor enviar e receber poesias de belas mulheres, porém com maior qualidade nos textos e, suponho, das mulheres (carece de fonte).

Não julguemos o editor. O jornal é gratuito, dá um trabalho do cacete e ainda acarreta em prejuízo de dinheiro e sono. Ou julguemos o editor, tanto faz; quem sou para tentar te convencer de algo? (Ele, o editor, ainda tem que lidar com esse tipo de babaca). Entretanto, chegou a hora do salto de qualidade, de atravessar o Rubicão. Após conversar com o revisor, nadamos à conclusão – aqui traduzida para sugestão –, de que, para manter a ascendência do RelevO, é chegada a hora de reduzir o critério “beleza da autora” na hora de selecionar alguns textos. Uma vez ignorada, ou ao menos relevada (argh, sem querer) essa condição, o presente periódico subirá outro degrau em sua breve história.

Nada a acrescentar. Finalizo aqui os apontamentos de ombudsman, essa função difícil de pronunciar, mas ainda mais difícil de preencher (CONTRATA-SE! Tratar com Daniel Zanella em jornalrelevo@gmail.com. Enviar foto).

 

Nota do editor:

Esclarecemos que, ao contrário do que alega nosso ombudsman-interino Mateus Lourenço, o RelevO não é uma entidade idealizada-ungida com o intuito de estabelecer relações de afeto & carinho com as escritoras ou, quiçá, leitoras que compõe o periódico.

Há, sim, um propósito de equilibrar o número de colaboradoras com o número de colaboradores, o que, de fato, tem sido um problema pouco recorrente de uns dois anos pra cá. Ao mesmo tempo, é natural que aconteça um maior entendimento nas coisas do coração entre semelhantes de uma mesma área – o que o ombudsman especula por um viés possivelmente maldoso e reducionista, o editor entende como natureza.

E, sim, habemus ombudsman definitivo: é Whisner Fraga, escritor mineiro, radicado em São Paulo, contista e poeta, autor de mais de dez livros. Ele abre os trabalhos a partir de agosto.

 

* Mateus Lourenço, 22, é CEO da Cerberus, empresa responsável por comprar poesias vendidas na rua por estudantes de Letras, apenas para dar de comida a cachorros em frente aos autores. Nas horas vagas, atua como ghost writer e se dedica ao árduo ofício de criticar a crítica literária, sendo, na crítica literária, o que o crítico foi na época em que a crítica literária era mais crítica literária.