Coluna de ombudsman extraída da edição de julho de 2024 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.
Alguns comentários sobre a edição de junho?
E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.
CRUZ E SOUZA (RelevO, junho de 2025, p. 24)
O trecho me lembrou:
Por instantes, imagino como seria maravilhoso arrancar do corpo lenços vermelhos, azuis, brancos, verdes. Encher a noite com fogos de artifício. Erguer o rosto para o céu e deixar que pelos meus lábios saísse arco-íris. Um arco-íris que cobrisse a Terra de um extremo ao outro. E os aplausos dos de cabelos brancos, das meigas criancinhas.
MURILO RUBIÃO (O ex-mágico da Taberna da Minhota, não publicado na edição de junho do RelevO)
*
Rafael Sica, o ilustrador da edição de junho de 2025, traçou sua distopia. Ou seria uma espécie de Baixa Distopia? Por exemplo: na página 18, as cercas estão arrombadas. Na página 19, uma criança mija nos destroços de um tanque.
*
Isto me lembra:
A vida nós a amassamos em sangue
e samba
enquanto gira inteira a noite
sobre a pátria desigual. A vida
nós a fazemos nossa
alegre e triste, cantando
em meio a fome
e dizendo sim
— em meio à violência e à solidão dizendo
sim —
pelo espanto da beleza
pela flama de Tereza
pelo filho perdido
neste vasto continente
por Vianinha ferido
pelo nossa irmão caído
pelo amor e o que ele nega
pele que dá e que cega
pelo que virá enfim
não digo que a vida é bela
tampouco me nego a ela:
— digo sim
FERREIRA GULLAR (Digo sim, não publicado na edição de junho do RelevO)
*
Aliás, Bolívar Escobar, obrigado pela lixeirinha com o ícone da coluna anterior (edição de junho). O espaço é exatamente isto: um repositório das críticas dos leitores. Já que o correio não está funcionando, que tal uma lixeira? Escrevam. Amassem. E… De três pontos, Magic Leitora?
*
sentes a fome, Virginia?
os ossos finos da minha mão
sobre a fonte que te eterniza
(…)
são perecíveis todas as coisas exceto os olhares
ISABELA ORLANDI (RelevO, junho de 2025, p. 22)
Mal fica sozinho no banco, o monte de folhas impressas se transforma outra vez em jornal, até que uma velha o encontra, o lê e o deixa transformado num monte de folhas impressas. Depois, leva-o para casa e no caminho aproveita-o para embrulhar um molho de acelga, que é para o que servem os jornais depois dessas excitantes metamorfoses.
JULIO CORTÁZAR (O jornal e suas metamorfoses, não publicado na edição de junho do RelevO)
*
Continuo comprando porque é barato e de vez em quando preciso de uns jornais para embalar uns troços.
RelevO, junho de 2025, p. 13
*
Lajota amarela:
— Leitor, quer dizer alguma coisa sobre o jornal? Bolinhas de papel na seguinte lixeira: contato@jornalrelevo.com
*
Impressos podem ser úteis em tempos de guerra.
*
O que seria Relevo?
RelevO, junho de 2025, p. 13
