Baú: Antonio Paim

Extraído da edição 66 da Enclave, a newsletter do Jornal RelevO. A Enclave, cujo arquivo inteiro está aqui, pode ser assinada gratuitamente. O RelevO pode ser assinado aqui.

Em síntese, o Estado brasileiro é uma realidade extremamente complexa para esgotar-se em termos dicotômicos e admitir soluções simplistas.

A elite técnica, constituída no seio do Estado, corresponde a uma aspiração secular de nossa civilização. Tudo leva a crer, por isto mesmo, que não se trate de uma criação transitória.

É provável que seu conflito com a máquina patrimonialista tradicional não possa ser solucionado antes que sejam eliminados os múltiplos focos de pobreza ainda subsistente em nossa realidade social. Essa situação de carência, não se deve perder de vista, é que tem facultado uma sólida base social ao patrimonialismo brasileiro. Assim, o conflito e a tensão entre os técnicos e a burocracia estatal tampouco podem ser encarados como fenômenos transitórios.

Antonio Paim, A Querela do Estatismo, 1998, p. 157 (Senado Federal).