Há som mais belo que ‘Clair de lune’?

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Fonte: Tom Mrazek.

O terceiro movimento da Suite bergamasque (1905), de Claude Debussy (1862-1918), atende por ‘Clair de lune‘ (luar) e teve como inspiração o poema homônimo de Paul Verlaine (disponível aqui).

E esse pedaço, esse breve e notável movimento, certamente é uma das criações musicais mais sublimes de sempre. Você já deve ter escutado ‘Clair de lune’ por aí, conscientemente ou não. Se já conhece, vale reencontrar. Se não conhece, não custa dedicar uns minutos, pois há muito a se ganhar.

A Enclave de hoje, portanto, prefere mostrar a descrever. Limitamo-nos a traduzir ‘Clair de lune’ como uma contemplação da solidão; uma brisa noturna; um chamado às belezas da dor.

Deixamos algumas sugestões nos seguintes links. Com certeza há muito mais pela internet.

Suite bergamasque completa
Seong-Jin Cho (primeira parte) / Jean-Efflam Bavouzet (segunda parte)
Alain Planès
Gustave Cloëz & André Caplet (orquestrada)

‘Clair de lune’
Por uma hora
Leopold Stokowski (orquestrada)
Lucien Caillet (orquestrada)
Roxane Elfasci (violão)
Ray Chen & Julio Elizalde (piano e violino)

Bônus
Kamasi Washington – ‘Clair de lune
Susumu Yokota – ‘Purple Rose Minuet
Polo & Pan – ‘Pays Imaginaire

Ganho ou morro

Extraído da edição 38 da Enclave, a newsletter do Jornal RelevO. A Enclave, cujo arquivo inteiro está aqui, pode ser assinada gratuitamente. O RelevO pode ser assinado aqui.

“Ganho ou morro”. Reza a lenda que o maratonista português Francisco Lázaro proferiu essa frase logo antes de correr nos Jogos Olímpicos de Estocolmo, em 1912. Verídica ou não, a sentença se confirmou, ainda que Lázaro não tenha se consagrado vencedor da prova.

Lázaro, natural de Lisboa, havia ganhado maratonas seguidamente em Portugal e, portanto, chegou confiante à ensolarada Estocolmo. Carpinteiro, corria na sua cidade após o trabalho, desprovido de qualquer treinador. Na Olimpíada, foi porta-bandeira na delegação de seis lusitanos. Não completou a derradeira prova de 14 de julho pois, no meio do caminho, morreu – o primeiro atleta a fazê-lo durante uma prova olímpica.

O português era esperado por seus colegas no 35º quilômetro, mas não apareceu. Em percurso inverso, foi encontrado no 30º, então foi logo levado ao hospital. Francisco Lázaro sucumbiu na madrugada, após diagnóstico de meningite.

Entretanto, a narrativa de sua morte é discutida até hoje: já atribuíram sua queda a uma insolação, a uma desidratação e ao fato de o corredor ter coberto o corpo de sebo para se proteger do sol. Uma hipótese mais recente credita a tragédia à mistura fatal de substâncias que deveriam complementar-lhe o treino.

Sobre o assunto, recomendamos este ótimo texto.