Nossa bandeira jamais será… igual?

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Tal qual a próxima Olimpíada (Tóquio 2020), que se iniciará no fim de julho (de 2021), os Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, foram um tanto atípicos, embora por razões bem distintas. Afinal, havia o fator Hitler, que por sinal ainda não tinha assumido como chanceler da Alemanha – o que ocorreu em 1933 – quando a sede do evento foi escolhida, isto é, em 1931.

Em 1936, no entanto, Berlim já estava devidamente preparada (nos padrões do Partido Nazista) para receber o mundo e propagar o arianismo que excitava seu comandante. Isso incluía a exclusão de atletas judeus da delegação alemã, processo iniciado já em 1933.

  

Diante de tensões em qualquer esfera, houve ameaça internacional de boicote. Por sua vez, isso permitiu a participação de judeus e negros, o que possibilitaria momentos belíssimos, como a histórica vitória de Jesse Owens.

Mas todos esses fatos são bastante conhecidos. No momento, não trataremos de nenhuma das bandeiras (literais ou figuradas) mencionadas. Com seu olhar atento ao irrisório, porém curioso, a Enclave – sem querer, como toda descoberta alegre – ficou encantada com a seguinte situação.

1º de agosto de 1936, cerimônia de abertura, estádio Olímpico de Berlim, 49 nações. O Haiti desfila com sua bandeira civil:

Participando do mesmo ritual, a delegação de Liechtenstein estranha. Isso porque ela se via representava pela seguinte bandeira:

Nem um, nem outro sabia até os Jogos Olímpicos de 1936: Haiti e Liechtenstein tinham a mesma bandeira desde 1921 (a do principado europeu veio depois, pois os caribenhos já a usavam desde o século 19).

Além da ausência de Wikipédia, a confusão provavelmente ocorreu porque a República do Haiti já dispunha de uma variação dessa bandeira militar com um brasão ao centro, bem semelhante à atual.

A partir disso, os países construíram uma relação diplomática harmoniosa e se mantiveram parceiros comerciais até hoje, incluindo tradicionais programas de intercâmbio entre os governos. “Isso só pode significar algo; nós temos tanto em comum!”, afirmaram embaixadores de ambas as nações, enquanto repudiavam Adolf Hitler.

Brincadeira, até parece. Liechtenstein apenas adicionou uma coroa à sua (e só sua) bandeira já no ano seguinte, representando seu principado.

Lista: ópera francesa ou cavalo medalhista olímpico?

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1. Rahotep de Toscane
2. Qing du Briot
3. Pelléas et Mélisande
4. Piaf de B’Neville
5. Robert Le Diable
6. Le Prophète
7. Voyeur
8. Lakmé
9. La Juive
10. Rêveur de Hurtebise
11. Samourai du Thot
12. L’Amant Jaloux
13. Nino des Buissonnets
14. Noblesse des Tess
15. Le Déserteur
16. Cendrillon
17. Vindicat
18. Le Domino Noir
19. L’Africaine
20. Diva Royal

Cavalo: 1, 2, 4, 7, 10, 11, 13, 14, 17, 20.
Ópera: 3, 5, 6, 8, 9, 12, 15, 16, 18, 19.

Ganho ou morro

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“Ganho ou morro”. Reza a lenda que o maratonista português Francisco Lázaro proferiu essa frase logo antes de correr nos Jogos Olímpicos de Estocolmo, em 1912. Verídica ou não, a sentença se confirmou, ainda que Lázaro não tenha se consagrado vencedor da prova.

Lázaro, natural de Lisboa, havia ganhado maratonas seguidamente em Portugal e, portanto, chegou confiante à ensolarada Estocolmo. Carpinteiro, corria na sua cidade após o trabalho, desprovido de qualquer treinador. Na Olimpíada, foi porta-bandeira na delegação de seis lusitanos. Não completou a derradeira prova de 14 de julho pois, no meio do caminho, morreu – o primeiro atleta a fazê-lo durante uma prova olímpica.

O português era esperado por seus colegas no 35º quilômetro, mas não apareceu. Em percurso inverso, foi encontrado no 30º, então foi logo levado ao hospital. Francisco Lázaro sucumbiu na madrugada, após diagnóstico de meningite.

Entretanto, a narrativa de sua morte é discutida até hoje: já atribuíram sua queda a uma insolação, a uma desidratação e ao fato de o corredor ter coberto o corpo de sebo para se proteger do sol. Uma hipótese mais recente credita a tragédia à mistura fatal de substâncias que deveriam complementar-lhe o treino.

Sobre o assunto, recomendamos este ótimo texto.