Morgana Rech: O vídeo é o nosso senhor e o sabão não faltará

Coluna de ombudsman extraída da edição de abril de 2020 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


Desde a semana passada, retirei o meu corpo do consultório para ingressar no isolamento social e nas sessões on-line. A relação transferencial entre RelevO e eu se virtualizou. Nunca imaginei que meu espaço físico, o ar que respiro, a mão que cumprimenta ou segura o jornal, se tornaria tamanha ameaça para o outro. Centenas de colegas fazem o mesmo e saem com suas trouxas de trabalho embaixo do braço: o lenço de chorar, o relógio que dá as horas de início e fim, a agenda, os cadernos, as Obras Completas, nossos objetos de estar lá. Alguns levam para casa seus RelevO´s impressos, presença forte em nossas salas de espera.

Levamos um pontapé na bunda dado por uma civilização de litros e mais litros de álcool que agora nos exige a desocupação das ruas e a ocupação de espaços internos. É um vírus, ok, mas eu não o vejo; o que vejo são garrafas de desinfetantes e roupas de astronauta. Duas promessas de liberdade, quem diria. Estamos rendidos, limpos e toda a nossa teoria de trabalho está temporariamente sob custódia, assim como está o rumo dos jornais independentes de literatura. Nos identificamos neste ponto.

Freud não falou nada sobre Skype, muito menos sobre Corona. Falou, isso sim, de como a miséria humana e o adoecimento narcísico pediriam uma atualização da técnica de analisar. Ele não disse que faríamos isso tão abruptamente, e que teríamos que lidar com nossa própria vulnerabilidade, que surge com a saudade do nosso local de trabalho e dos objetos familiares à manutenção de nossos lugares. Bem, os poetas também sempre disseram que a miséria humana e o adoecimento narcísico pediriam uma atualização da linguagem. A bem da verdade, na ficção o atual já existia.

O analista sempre trabalha com a ideia de que uma tela o separa do paciente. A diferença é que ela, agora, não é uma metáfora. É real e por tempo indeterminado, af! O atendimento on-line, como estamos fazendo aqui, deixou de ser exceção e se tornou regra, e quando a exceção vira regra, a teoria começa a girar em torno dela, rudimentar e única: ficar em casa. Talvez Freud tenha se visto numa situação parecida quando viu aqueles pacientes traumatizados pela guerra, tanto é que mudou sua tática. O mundo, agora, voltou a ficar tão monotemático, mas tão monotemático, que já apareceram até os agentes de vigilância nos dizendo o que podemos e o que não podemos fazer do nosso mundo interno durante o isolamento. Dizem, alguns, que não podemos romantizar a quarentena. Bem, se entendermos isso no sentido romântico mesmo do termo, romantizar a quarentena me parece uma atitude bem interessante até mesmo para manter a psicanálise — e a literatura — em pé, já que romantizar equivale à ação do pensamento de recusar tanto a razão pura como a magia pura. Ficar entre elas: espaço analítico por excelência. Possível chance de ficar imune à cegueira. Romantizar a quarentena e refazer contratos sociais me parecem ações que vivem na mesma ilha, se não quisermos que ela seja sonífera. O RelevO está liberado para romantizar o que bem entender, mesmo porque, no mundo da ficção (o atual, rs), as coisas podem até andar mais a nosso favor do que antes. Enquanto estou revisando minhas técnicas e condições de trabalho, o jornal literário tem, pois sempre teve, uma das funções mais importantes para o cenário de trincheira em que estamos. Tento encorajá-lo nisso, do mesmo modo que ele me encorajará a remontar o meu setting. Vínhamos bem, afinal de contas, com aquela história do RelevO se despersonalizar e assumir a sua dupla identidade, naquele rompante falocêntrico de ser um jornal automobilístico. Eu diria que, por um lado, podemos nos aliviar juntos desse fardo, unidos no desamparo favorável à criação. Por outro lado, o “ricaço” que, dizia o RelevO, faz falta para injetar um ânimo na publicação pode, quem sabe, ser reencontrado ou refeito no coração da coletividade.

Estamos de volta ao grau zero de leitura e de escrita. Lembraremos, fisiologicamente, da sua importância. Psicanalistas e artistas são, mais do que antes, colegas, como eram Freud e seus amigos gênios. Poetas, editores, ilustradores e quadrinistas: todos numa função mais ou menos analítica de oferecer ponte e alívio. Que o inconsciente saiba: na arte se continua vivendo. Que o jornal saiba: no seu espaço é onde contaremos essa história.

Cezar Tridapalli: Troquem minha assinatura para Palhaço Tico-Tico

Coluna de ombudsman extraída da edição de abril de 2019 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


Da edição de fevereiro para a de março deste RelevO, observei uma melhora sensível em dois aspectos: o da diagramação e o da qualidade da impressão do jornal. Dos latifúndios de espaço branco, feitos de terra improdutiva e opressiva, por mim referidos na edição passada, agora vejo uma distribuição mais racional, mais lógica. Os espaços em branco estão lá, mas de fato como respiro, um mindfulness no meio da densidade de muitos textos. Textos, espaço publicitário e espaço em branco agora parecem fazer parte da mesma festa, o que já dá, de cara, uma costura à edição. A qualidade de impressão dispensou a lupa que eu sugeri em fevereiro.

Entendo que a função do ombudsman não seja a do cliente chato que acredita ter o direito de ver o produto consumido tomando a todo o custo a forma de seus gostos pessoais. A editoria pode ler, incomodar-se, ignorar, promover ou não mudanças. E, pelo jeito, rir também do que o crítico convidado para lhe encher a paciência percebeu como defeitos, sejam eles objetivos ou subjetivos, passíveis de discussão. Se na edição passada critiquei o vale-tudo de textos e imagens aceitos pelo jornal (disse que se vale tudo a crítica não vale nada), agora fiquei um pouco “meme John Travolta” (olá, Mateus Senna!) com o editorial que assume reiteradamente que ao RelevO interessa rir. Embora rir e se divertir (o editorial também fala em diversão) tenham ligação íntima, não significam a mesma coisa. Di-versão tem função nobre, podemos dizer até subversiva – e a literatura é subversiva – porque está preocupada em cindir a versão monolítica, em quebrar a expectativa apresentando versões diferentes da esperada. Isso é fugir dos clichês. O clichê, a frase feita, o lugar comum, tudo isso apresenta a versão previsível que a diversão deve quebrar, di-vergir, sub-verter (fazer verter uma versão nova, portanto). Nesse sentido, dizer que “somos até um pouco caóticos”, como o editorial de março afirma, é ótima notícia, desde que se entenda o caos como uma outra ordem possível, que justamente diverge da ordem imperante. Isso é sim diversão. Outra coisa é juntar textos aleatórios e salpicá-los a esmo nas páginas, não propondo ordem alguma, como percebi na edição de fevereiro.

Mas “rir de tudo, rir de todos” já carrega outros sentidos. Graças às preposições, é diferente rir de alguém e rir para alguém ou rir com alguém. Rir para alguém e rir com alguém trazem um convite embutido no sorriso, tipo embarque com a gente nessa risada, no nosso desconcerto do mundo. Rir de alguém é escárnio presente nas piores comédias. Repito: se vale tudo, a crítica não vale nada. Da mesma forma, se é para rir de tudo, para que serve a crítica, por exemplo, de um ombudsman? Troquem minha assinatura para “Palhaço Tico-Tico”.

Como disse lá em cima, há críticas objetivas (o objeto RelevO estava mal impresso em fevereiro) e subjetivas (a disposição, sequência e critérios de seleção de textos). É de se prever, portanto, que haja leitores elogiando justamente o que critiquei (“Gostei principalmente das poesias ‘soltas’ ao longo do periódico”, diz Marcus Serra, que também diz que o jornal “cria uma identidade”). Se o Umberto Eco afirma, em Seis passeios pelos bosques da ficção, que o texto literário é uma máquina preguiçosa e é bom que seja assim, já que o leitor não recebe tudo escrito e interpretado – pois é obrigado a preencher lacunas com o seu universo pessoal –, talvez o RelevO aposte nisso, conscientemente ou não: vamos colocar uns retalhos e o leitor que venha com agulha e linha costurando seu modo de entender e dar unidade ao jornal. Há quem possa pensar que um jornal não precise de unidade, mas, ora, por que reunir tudo em um jornal então? Basta uma navegadinha pelo Google para descobrir toneladas de textos ensaísticos, poéticos, narrativos, de autores sem apresentação, já com publicidade e tudo.

Outra aposta do jornal é essa de não apresentar os escritores. Em épocas de despersonalização (eu havia falado da desterritorialização na edição passada, pois não sabemos de onde os leitores e autores falam), entendo a opção do jornal, mas levanto este questionamento. Talvez o jornal queira nos fazer pensar a partir do texto e só do texto, ou seja, do que o texto tem a me dizer, não importando se eu sei que o Pepetela é já escritor consagrado e o seu vizinho de página talvez não seja. Essa ausência de informação pode nos deixar mais livres para escolher os textos que nos tocam mais, desobrigando-nos de um respeito pela autoridade do nome. É decisão legítima, claro, mas então por que a seção “publique” do site pede para que o autor “informe sua cidade e alguma referência pessoal para que eventuais leitores o localizem”?

Quase a totalidade de cartas dos leitores é feita de elogios, muitos apaixonados. Fico feliz, mas como minha função é encontrar brechas, feridinhas para meter o dedo, destaco e amplifico duas cartas que apontam problemas: a primeira vem do Felipe Gomes, que, gentil, fala de um troca de letra em seu poema, publicado em fevereiro, e que gerou mudança de sentido. O original dizia: “No fundo / gosto / do que me faz mau” e acabou “corrigido” e publicado assim: “No fundo / gosto / do que me faz mal”. Certamente essa diferença modificou sensivelmente a continuidade semântica do poema (“Aquilo que machuca / endurece / meu pau”). Sem exagero, pode-se dizer que outro poema nasceu aí, à revelia das intenções do autor. A resposta a esse deslize (que, claro, acontece), culpando a “ortografia padrão reacionária”, é desprovida de sentido, ainda que quisesse fazer rir. A troca em nada tem a ver com ortografia padrão.

Outra carta, de Joaquim Bispo, reclama da falta de resposta do jornal aos autores que submetem trabalhos para avaliação. Autores mandam textos, não recebem retornos nem de que o texto chegou, ainda menos sobre o aceite ou não para publicação. A resposta do jornal, entre outras explicações: “Por questões de saúde, também não temos qualquer condição de acusar recebimento”. Ora, o próprio Gmail já sugere uma resposta padrão do tipo “ok, recebido”. A não ser que sejam milhões de textos enviados, acusar o recebimento de, vamos chutar, duzentos textos levaria menos de dez minutos. É um problema inclusive das grandes editoras, muitas delas recebem originais e nunca mais dizem nada. Outra possibilidade é ter um texto pronto para, no melhor modo “copia e cola”, avisar que o texto foi recebido e se não houver resposta em até, digamos, 60 dias, o texto está automaticamente descartado. Isso evitaria a espera de Telêmaco, que olha para o mar todos os dias aguardando o pai, Ulisses, voltar da guerra. 

Ricardo Lísias: A polícia da literatura e as polícias

Coluna de ombudsman extraída da edição de abril de 2018 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


Outro dia recebi um comentário feito no Twitter sobre uma das minhas últimas colunas para o RelevO. Para indicar constrangimento ou um certo desespero cafona, a pessoa reproduzia sem aspas algo que eu teria dito aqui. Embaixo colocava a imagem de uma mulher com o rosto em desespero, as mãos na cabeça e um cigarro entre os dedos e o cabelo, quase colocando fogo no loiro oxigenado. É uma estética dos anos 1980. O espanto se dá porque eu teria dito que o “cânone literário é só reflexo do poder da classe privilegiada”. As aspas agora são minhas e indicam o que o tuiteiro afirma que eu afirmei. 

Enfim, se colocada no contexto da coluna, minha afirmação não tem absolutamente nada demais. Ela apenas ecoa as discussões de uma crítica que vai de Walter Benjamin a Jacques Derrida, passa por Silviano Santiago e Roberto Schwarz, Richard Rorty e seja lá qual outro nome o leitor quiser. Trata-se de uma das principais discussões das últimas décadas não apenas na teoria literária como em todo o pensamento de ciências humanas. Eu afirmei uma banalidade.

Como se pode ver, a figura não tem noção de coisa alguma. Trata-se de um fenômeno muito comum no mundo contemporâneo: sem nenhum conhecimento, fulano vai a uma rede social, diz qualquer negócio e logo uma manada o segue, engrossando o caldo do besteirol. Meu exemplo é singelo e na verdade serve apenas para mostrar que comportamentos como o de espalhar que uma militante de direitos humanos tinha ligação com o Comando Vermelho e uma exposição de arte promove pedofilia estão muito mais próximos da gente do que às vezes parece. E do mesmo jeito, a figura que acha estar defendendo algum tipo de tradição que jamais existiu para além de sua empáfia está bem mais perto do fascismo, como dizem Umberto Eco e Timothy Snider, do que às vezes parece.

No início de março, estive em um debate de lançamento de uma revista sobre a ditadura militar brasileira. Conversamos eu, o MC Leonardo, responsável por grandes movimentos culturais em algumas comunidades cariocas, e Rick Goodwin, jornalista que participou da equipe que criou e fez o Pasquim, um dos nossos últimos espaços de resistência verdadeira à barbárie na imprensa. Dois dias depois, enquanto esperava a esposa em uma estação de trem, Goodwin foi espancado pela polícia carioca e perdeu dois dentes. Até agora ninguém sabe os motivos da agressão. 

O que dá força e motivação para a polícia fazer isso e coisas ainda piores, como as contínuas chacinas e o genocídio da população negra e pobre do Brasil, são os micropoliciamentos que as pessoas realizam por aí. É um clichê, eu sei, mas às vezes eles servem muito bem: primeiro, é a gente que tem que mudar.

Gutemberg Medeiros: Corpo-a-corpo com a vida

Coluna de ombudsman extraída da edição de abril de 2017 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


Em 1993, participei como ouvinte de congresso sobre os rumos do jornalismo cultural no Brasil e na Alemanha, no Instituto Goethe paulistano e com a presença de editores dos mais importantes jornais de ambos os países. Ainda na era pré-Internet, já se falava abertamente da crise no setor que resultou na presente exiguidade – para sermos econômicos ante quadro tão devastado. Entre os editores que entrevistei, estava um dos mais destacados e longevos em atividade na Alemanha, a frente do suplemento semanal do Frankfurter Allgemeine Zeitung. No mesmo posto, o escritor e pesquisador Siegfried Kracauer fez história e parte da sua preciosa produção jornalística pode ser lida em O ornamento da massa (Cosac Naify).

Após abordar as questões relativas ao congresso, perguntei o que estava sendo trabalhado – direta ou indiretamente – na Alemanha após a queda do muro de Berlim e a reunificação do país. Ele me dirigiu um olhar gélido e perguntou se algum escritor trabalharia com isso. Respondi que dialogar com os rumos de seu país era normal na literatura mundial e, especialmente, na literatura alemã. E enumerei nomes representativos, como Goethe, Novalis, Thomas Mann, Brecht e Peter Handke. O editor me cortou ao ouvir este último nome, declarando ser austríaco e não alemão. Despediu-se secamente. Além de tudo, era ligado a uma tradição ultrapassada da crítica, ao priorizar o local de nascimento e não a língua de expressão original.

Venho abordar este aspecto por sentir um tanto falta desse diálogo explícito ou implícito da literatura atual com o importante momento vivido por todos nós no Brasil, pelo menos desde 2013. Digo isto pensando especialmente na produção dos autores que colaboram com o RelevO.

Não estou dizendo para fazer proselitismo defendendo um lado ou outro da polaridade que nos assola. Nada disso. Mas considerando como a literatura é também um espaço possível para expressar o demasiadamente humano de nosso tempo e espaço, partindo de determinadas vozes do passado e se projetando ao futuro, para lembrar o pensador russo Mikhail Bakhtin.

Alguém que estava afinado com essa proposta – não, corrijo, mais do que isso, um ofício de vida – foi o escritor João Antônio. Ele chegou a cunhar uma expressão das mais ricas, o seu constante “corpo-a-corpo com a vida”. Em crônica intitulada “Eu mesmo” e publicada em 9 de marco de 1976 no extinto jornal diário Última Hora, escreveu: “Estou aqui, atrás da minha máquina, para um corpo-a-corpo com a vida, com vocês e com a cidade”. Logo adiante, no mesmo texto, “Se fosse para fazer pirueta mental e procurar brilharecos de fácil conquista, acho que não estaria aqui, agora, atrás da minha máquina”.

Algum incauto apressado poderia dizer que João Antônio falava isso por ser mais jornalista do que escritor, pois o mais importante nas artes – especialmente na literatura – seria a forma, o cinzelamento do texto ou coisa parecida. Apesar do que muitos pensam, nem os Formalistas Russos do começo do século – entre eles Chklovski, Jakobson e Tinianóv – chegaram a defender tal posicionamento. Inclusive, eles se comprometiam com a vida emergente pré e pós-1917, tendo entre seus principais parceiros de vida Eisenstein e Maiakovski, entre outros das vanguardas russas.

A literatura brasileira está repleta de escritores que praticaram esse corpo-a-corpo com a vida. A exemplo de Lima Barreto, sobre o qual falamos na coluna anterior. Talvez um dos momentos mais contundentes neste sentido seja o poema dedicado a Stalingrado, de Carlos Drummond de Andrade (A rosa do povo, 1945), ao cantar a resistência heroica ao cerco desta cidade pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial. Além da admiração do poeta a esta resistência, acompanhada pelos telegramas de Moscou (“A poesia fugiu dos livros, agora está nos jornais”, diz em um de seus versos), Drummond também ecoava sobre a resistência a outra ditadura não estampada na nossa imprensa, a de Getúlio Vargas, de moldes fascistas. Ninguém pode alegar em sã consciência que o poeta colocava a ética acima da estética.

Uma escritora das mais importantes entre nós é Hilda Hilst, cuja poesia completa acabou de ser lançada pela Companhia das Letras. Muitos a chamavam de esteta vazia, a viver numa torre de marfim. O tempo provou o contrário em sua vasta obra que compreende poesia, teatro, prosa poética e crônica jornalística, nas quais, direta ou indiretamente, discute as agruras de seu tempo.

Para ficar apenas no mais explícito, todo o seu teatro está pejado desse diálogo. Especialmente a peça “O Verdugo” (vencedor do Prêmio Anchieta de revelação no teatro paulista de 1968), que aborda discussões de fundo ético a partir das reflexões de um carrasco em plena ditadura civil-militar. Ou a série ”Poemas aos Homens de nosso tempo”, 1974). Em determinado momento, emergem os versos: “LÍDERES, o povo/ Não é paisagem/Nem mansa geografia/ Para a voragem/Do vosso olho./POVO. POLVO./UM DIA).

Por isso, peço aos criadores de RelevO que ousem mais em entrar nesse corpo-a-corpo com a vida. Pois quem tece palavras com os fios do tempo presente pode compor memória e tocar o essencial do humano. Como nos atualíssimos versos de Hilda Hilst.

Ben-Hur Demeneck: Os satélites

Coluna de ombudsman extraída da edição de abril de 2016 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


Além da edição de março, dois outros objetos voadores foram identificados na órbita do RelevO: a newsletter Enclave, que chega a seu número 31, e o especial “Escritoras da Geração Beat”. Ou seja, a crise criativa passa longe daqui. Sem contar as atividades que surgem por iniciativa ou por inspiração do periódico, como oficinas e saraus. RelevO está deixando de ser um jornal para virar uma “jointventure” que divulga o WikiLeaks.

 

  1. Os números 

Em 2016, o jornal publicou 25 páginas de poesia e 14 de literatura em prosa. Comparando com janeiro e fevereiro, a edição de março teve 35% menos poesia e o dobro de anúncios de página inteira. Os gêneros mais estáveis (e os menos presentes) seguem sendo a crítica literária e o humor, que recebem, respectivamente, uma e duas páginas só para eles.

 

  1. Ombudsman bom

Falta fazer uma consulta aos ombudsmen na Suécia, na Noruega e na Dinamarca. Diante do impulso da globalização em transformar tudo em espetáculo, tudo em mercadoria, talvez mesmo por lá ser “representante dos leitores” seja uma causa perdida, seja também considerado algo semelhante a espetar um tridente em colaboradores e concorrentes. Para resumir a recepção da ouvidoria na “República de Curitiba”: a cada coluna que publicamos, alguém pede para pregar nossa cabeça numa estaca.

 

  1. Leitor consumidor?

Dando mais um motivo para pedirem minha cabeça: não concordo que assinante cobre uma regularidade típica de grande imprensa para o RelevO. É quando faço duas perguntas: A edição não chegou até a primeira semana do mês? O conteúdo do jornal lhe decepcionou depois que chegou? Só vejo motivos para o assinante reclamar aos editores quando as duas respostas forem “sim”. Imprensa alternativa já faz muito em circular. Perdão pela franqueza.

 

  1. ISSN, a lenda

Há quem idealize a volta da Colônia Cecília. Há quem fantasie com a utopia   pintada em tela por Pieter Bruegel. Lá, o vinho jamais terminava, ninguém envelhecia e tudo era de graça – sexo, doces e refeições sem glúten. Eu, entretanto, não tenho tantas ambições. Meu sonho é bem singelo, prático. Ele é quase patético – eu só quero que o RelevO tenha um ISSN!

Afinal, se até o Charlie Hebdo tem um código de identificação – logo uma publicação que se arrisca por ignorar as convenções –, por que nós, “os diferentões”, não podemos ter? É só para dizer que somos alternativos ao mundo dos adultos? Que traumas cultivamos contra os bibliotecários e arquivistas para dificultar tanto o seu trabalho? Devido ao fato de eu já ter entrado na fila três vezes para cobrar o ISSN, eu mesmo me disponho a dar entrada na papelada. É só me passarem a procuração – juro que essa será a penúltima vez que vou cobrar.

 

  1. Precisa-se de críticos 

Nós precisamos de você, crítico literário inédito, no RelevO. Para começar, procure estar habilitado para descrever, comparar e interpretar sua leitura. Se você já faz isso, compartilhe conosco seus artigos. Se você souber relacionar publicações ao ambiente cultural em que elas surgem, saia da inércia: o Brasil precisa de você. É sério mesmo.

 

  1. A recusa

Os desaforos mais típicos contra a redação (comentam os editores) surgem diante do adiamento ou recusa de publicação. Caro e sensato leitor, conte para todos como você reagiria numa situação típica às vésperas da publicação – ter 30 poemas para dividir em 8 páginas e dispor de outros 15 contos para encaixar em 6 páginas? Resolva esse teorema. Você tem um mês para dar a resposta.

 

  1. Barril de pólvora

Por ser uma questão delicada, aviso que não estou dando recado a ninguém e nem endossando a crítica originária de setor limitado dos leitores. De um lado, um dos editores explica que desde 2014 o jornal tem forçado a mão para equilibrar a representatividade de mulheres neste tabloide. Ou seja, se um editor tiver de escolher seis poesias para publicar, tenderá a escolher aquelas que considera as três melhores escritas por homens e outras três que sejam assinadas por mulheres. De outro lado, alguns leitores homens têm reclamado com frequência do nível de poesias criadas por mulheres. Alguns deles acrescentam que haviam enviado material, mas acabaram preteridos por conteúdos que julgam menos interessantes. 

Questões estéticas à parte, que sempre merecem discussão, devemos evitar tentativas de desqualificação de pontos de vista legítimos – e que pode ser o caso. Diante de tais objeções, lançamos duas perguntas: (1) Se as mulheres são mais assíduas na leitura que os homens, segundo indicam as estatísticas de “Retratos da Leitura do Brasil” (Instituto Pró-Livro), por que as leitoras do RelevO não estão se queixando das autoras publicadas? (2) Será que homens ilustrados (assim como eu) têm problemas em reconhecer que há uma “perspectiva feminina”, igualmente importante tanto quanto é a nossa? Em outras palavras: Seja lá o que signifiquem “perspectiva masculina”, “perspectiva feminina” e “perspectivas etc”, é fato que há nuances entre os gêneros e que cada um deles merece visibilidade.

 

  1. Serviço?

A constelação de atividades e de publicações do RelevO favorece a emergência de uma “agenda cultural” que nos conte onde é que o Paraná está mais literário mês a mês. Não seria tal localismo que desacreditaria nosso título de publicação nacional. Pelo contrário, pois todo jornal possui o seu entorno imediato – é claro que ninguém aqui defenderia aquele provincianismo característico dos jornalões paulistanos, onde jornalistas costumam ficar com saudades de São Paulo quando saem do “centro expandido”. Em nosso caso, convenhamos: Curitiba já merece o reconhecimento de metrópole literária – mesmo contra a nossa vontade.

 

  1. Forma como conteúdo

Para descomemorar tamanha fragmentação do conhecimento de nossa era digital, também fatiei minhas colaborações em várias lâminas de presunto. Desejo aos convivas uma boa digestão dos frios.

 

  1. A penúltima

Tal como o boêmio em mesa de bar solicitando sua “penúltima”, anuncio à roda de conversa que escrevo minha “penúltima”. Depois de um ombudsmanato e de sua prorrogação, minhas críticas findam na edição de maio. Depois, o RelevO só terá notícias minhas a partir dos sinais enviados por minha caneleira eletrônica.

Carla Dias: O fazer cultural e a apreciação de suas crias

Coluna de ombudsman extraída da edição de abril de 2015 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


Espero que nesta edição estejam todos bem. Direitos garantidos, deveres em dia, percepção afiada e afinada com os fatos. O mundo anda meio complicado, mas vamos descomplicar o que for possível, que leveza nunca é demais e ainda colabora para que observemos a vida com mais cuidado e respeito.

Lendo o editorial da edição de março do RelevO, identifiquei-me com a posição de se fazer o que se faz bem, como este jornal, sem comprometer conteúdo. Tarefa árdua, porém gratificante.

Quem lida com o fazer cultural sabe: captação de recursos é trabalho hercúleo. E se o criador do projeto prezar pela sua originalidade, muito do que o torna singular pode se perder durante o processo de adequação à necessidade do mercado. Necessidade que nós mesmos criamos, ou seja, temos o poder de mudar o rumo dessa prosa, melhorar até mesmo o que nos parece impossível de ser melhorado.

Tem sido cada vez mais frequente que adaptações feitas para que projetos culturais se encaixem no perfil de seus patrocinadores acabem em devastadoras transformações, descaracterizando o que seria a essência do projeto. Para que aquele projeto que você ama sobreviva, é preciso amá-lo na prática. Compre os livros e os discos, vá aos shows e espetáculos teatrais, assine os jornais. Ame os projetos culturais que lhe apetecem. Somente assim é possível se manter a diversidade cultural e a originalidade do que resulta deles, seja um livro, um disco, um espetáculo teatral ou um jornal literário, entre outras tantas opções.

Antes de falar sobre a edição passada, quero dizer que há quem reivindique reportagens sobre literatura no periódico. Seria ótimo se elas fossem integradas ao jornal, mas não ao custo de termos menos páginas com obras literárias. Ler sobre literatura é importante, mas não tanto quanto ler literatura. Acho válido se forem incluídas páginas extras no RelevO para tal fim, mantendo o espaço atual para os escritores terem suas obras publicadas e os leitores aproveitarem a leitura.

Outra questão é a falta de material fotográfico. Particularmente, adoro pegar emprestadas obras de amigos fotógrafos e artistas plásticos para ilustrar os meus textos. Considerando não somente o meu gosto, mas o que de positivo isso pode trazer ao impresso, temos visto notáveis obras de artistas diversos ilustrando o jornal. Incluir material fotográfico me parece natural e, definitivamente, interessante.

Voltando à edição passada do RelevO, tenho de admitir que ela me surpreendeu muito e positivamente. Cristiano Castilho me ganhou com seu “Bogotá, dia 2”. O tom de diário de viagem, a crônica relatando a descoberta de lugares e pessoas, é sempre muito atraente, quando bem construída. “Amanhã farei um passeio de bicicleta com uma mexicana e uma ucraniana que moram na Alemanha.”

Em contrapartida à pluralidade do texto de Castilho, Aline Valek direciona suas palavras a um único lugar. Em “Minha Ex”, a autora acerta ao falar sobre Brasília – onde viveu e de onde partiu – como se a cidade fosse sua ex, dando às memórias geográficas o mesmo tom das memórias afetivas. “Uma timeline plana, uma vida de uma nota só.” A conversa que a autora trava com a cidade torna agradável a leitura sobre voltar a um lugar que se julgava conhecer, para então descobrir que não o conhecia tão bem assim. O tipo de armadilha na qual costumamos cair, frequentemente, quando se trata dos nossos relacionamentos pessoais.

“Entre as Coisas” é um apreciável texto de Juliana Cunha sobre espaços necessários entre assuntos, pessoas e coisas importantes a se fazer. O respiro, o lugar onde devemos gastar o tempo ao nosso gosto.

Daniel Zanella, agora terei de assistir ao “Koyaanisqatsi”. Seu texto me convenceu, e ainda me deixou pensando sobre “… chuva discreta, que começa a escorrer nos vidros” e a música de Philip Glass.

A poesia também teve destaque. Porém, antes da poesia em si, há aquela boa mistura de prosa e poesia. “Destinatário”, de Flora Rocha, tem cadência e essência. Remeteu-me à lindeza dessa combinação que permite a nossa imaginação preencher as lacunas da realidade. “Anoiteceu inverno. A ventania uivava e as cortinas dançavam temor. Tomou um gole e inventou de enfrentar o vento.”

Edu Hoffman poderia inspirar quadros: “desembrulho cada palavra/feito bala/na agulha”. Davi Kinski demonstra intimidade com as palavras. Seu poema é para se ler e reler, que ali há uma variedade de matizes. Definitivamente, lerei outros poemas de sua autoria, que fiquei poeticamente curiosa. “Eu me dissolvo antes do fim/Eu pulo do trampolim/Para a cidade/For Sale.”

Aprecio o fazer poético de Cel Bentin. Gosto de como ele brinca com as palavras, criando espaço para que a imaginação do leitor se embrenhe nas sutilezas de sua poesia. “Inquieto Chiaroscuro [ou Palavra-obaluaê]” eu não conhecia. Fiquei feliz em conhecer. “De bloco em punho, garçons em cartografia/ projetam pedidos além da conta das mesas.” Como não se esbaldar em imaginação depois de ler tais palavras?

Osny Tavares: Nós e o cosmos

Coluna de ombudsman extraída da edição de abril de 2014 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


Um veículo cultural, quando amplia sua veiculação, precisa saber puxar de volta novos nomes para suas páginas.

 

O problema de assistir a um bom documentário de ciência é começar a ver ciência em todo lugar. Ela de fato está em todo lugar, mas o encantamento criado por essas produções me torna excessivamente naturalista pelos dias seguintes à exibição. Sou um sujeito altamente influenciável pela inteligência. Após uma explanação criativa, tendo a sair por aí replicando o que ouvi com a intensidade e convicção de quem acabou de sofrer uma lavagem cerebral. Mas geralmente passa logo.

Porém, tem sido um inferno desde que estreou Cosmos, uma série em treze capítulos subtitulada “uma viagem pelo espaço-tempo”. É, na verdade, um remake de uma série dos anos 80 co-escrita e apresentada pelo astrônomo Carl Sagan, grande divulgador da ciência e meu herói pessoal. Essa nova versão tem como frontman um de seus pupilos (Sagan morreu em 1996), atualização teórica e efeitos especiais de cinema. Um dos produtores é Seth MacFarlane, outro herói pessoal.

A partir de Cosmos, é possível perceber que a raça humana surgiu, resistiu, sobreviveu e se desenvolveu por meio de uma sólida consciência de coletividade. Dos grupos nômades aos clãs do início da agricultura às cidades-estado aos impérios aos países às modernas cidades, nos desenvolvemos a partir dessa rede de troca e proteção que veio a se chamar sociedade. Somos feitos para viver em bando.

A arte de certa forma reproduz essa tendência, com seus movimentos estéticos e inter-discursos. Pouquíssimos são os inovadores solitários. A maioria se insere em uma corrente estilística e propõe tão somente um milímetro de avanço – o possível para um mero exemplar da espécie. Aqui também há uma rede de proteção e acolhimento, essencial a um ofício tão volátil.

O derivativo disso é a formação de grupos de afinidade que acabam por estreitar o diálogo com o meio. Acontece com mais intensidade entre aspirantes e artistas em início de carreira, ainda não estabelecidos, mas tende a se arraigar, com propensão maior ou menor, ao longo de toda a trajetória. É como se tribos distintas disputassem um mesmo território sem qualquer possibilidade de comunhão. Afinal, é fundamental para a sobrevivência da família que o DNA partilhado encontre oportunidades de reprodução em um meio.

Em sua forma contemporânea, esse fenômeno é chamado de “compadrio”, substantivo que define a ação de priorizar, indicar e enaltecer uma pessoa com quem se tem alguma relação pessoal ou profissional em detrimento de outras igualmente (ou mais) talentosas e capazes.

Impossível imaginar que a empatia será algum dia excluída das relações profissionais. Nem deveria, afinal de contas. Mas o peso do compadrio parece anacrônico ao papel atual dos meios. Ele sempre sobreviveu pela capacidade que as mídias tinham de agendar gostos e comportamentos. Pular para dentro desse barco era a garantia de um sucesso mínimo. A ponte era estreita, entretanto, e uma mão esticada poderia tornar as coisas mais fáceis.

O padrão mudou, porém. Os meios de publicação são amplos e universalmente acessíveis. Permanecem os pontos de referência, como redes de televisão, estúdios, grandes gravadoras e editoras, para os quais é preciso pavimentar o caminho à vaselina ou vencer sucessivas etapas de um rigoroso vestibular. Porém, mesmo estes meios encontram dificuldades em “lançar onda”. Estão cada vez mais reativos, recolhendo e sofisticando produtos que explodem espontaneamente na web.

Cabe aos veículos, e notadamente aos alternativos e não comerciais, o papel de trazer a organização da produção cultural para um eixo mais plano e expandir grupos em vez de cristalizá-los. É uma proposta revolucionária e ao mesmo tempo clássica, que remete ao que existe de mais basilar no fenômeno da comunicação. Não se trata de benevolência, e sim de recalibrar o formato.

Um exemplo: recentemente encontrei um amigo em São Paulo que atualmente trabalha na gestão de um bar de comédia. Ele e os colegas aplicaram um processo de casting por seleção meritocrática. Qualquer candidato, pode até ser um engraçadão de escola, terá direito a três minutos de tempo de palco para testar a sua capacidade em fazer os outros rirem. Se não for bem-sucedido, ainda tem uma nova oportunidade (vai que estava num dia ruim). Passará, então, para um segundo teste, de cinco minutos, então sete e, por fim, a apresentação cheia de quinze minutos. Fazem isso para se adiantar a movimentos espontâneos e se manter como eixo integrador. Disso depende a sobrevivência comercial deles.

Esse é um exemplo fácil porque a comédia é, talvez, a profissão mais justa que existe. Ou o sujeito é engraçado ou está fora. Penso que o resto do setor artístico, e em especial a literatura, não esteja muito longe deste patamar. RelevO tem cumprido o papel de propiciar uma plataforma generosa com certo destaque, se comparado a publicações similares. Isto se deve a questões físicas e econômicas (formato, tamanho e custo marginal) associado a uma linha de atuação aberta, que encontra na despretensão a capacidade de se manter receptivo. Falta, porém, um canal adicional ao papel para conhecer, debater e articular novas produções a ser publicadas. O feedback ainda está limitado ao noventista e-mail e ao Facebook do editor, que demanda um filtro de amizade (viram o medo?) para se chegar até ele. Um fórum de discussão, na própria mídia social ou algum outro espaço na internet, proporcionaria uma interação mais dinâmica que a do jornal impresso e seus cinquenta tons de cinza.

 

Nota do editor:

De fato, o protagonismo que o impresso tem como produto final acaba por nos enfraquecer em outros meios, prejudicando, inclusive, o recebimento de mais feedbacks. Ainda não encontramos uma forma de nos fortalecer financeiramente para podermos investir, por exemplo, em um site que acomodasse toda a nossa produção e proporcionasse maior interação com os leitores.

Uma alternativa para um jornal mais dinâmico seria uma maior participação dos leitores no processo de edição. Poderíamos publicar mais textos numa versão digital e selecionar, através de votação, alguns textos para a versão impressa.

Novas plataformas também podem tornar o RelevO mais orgânico, com notícias diárias sobre concursos e espaços para novos autores, nosso foco maior. Porém, sem querer-me semelho a um ventríloquo, nosso travo para voos mais amplos é a falta de dinheiro.