Ben-Hur Demeneck: Uma peça de museu

Coluna de ombudsman extraída da edição de dezembro de 2014 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


Walter Bach publicou um belo texto sobre este periódico no portal Escotilha (“A persistência do Jornal RelevO”, 22/10/2015). No entanto, dormiu quando falou do ombudsman. Escreveu que o jornal tem “até um ombudsman, quase peça de museu em nosso tempo”. Antes fosse, meu caro. Antes fosse! Parece até que falava de copidesques ou de tipógrafos. Embora, convenhamos, os copidesques têm feito muito falta nessa terra desrespeitosa à língua portuguesa que se tornou a imprensa nacional. Pensar que faz pouco mais de 25 anos que surgiu o primeiro ombudsman no Brasil e de lá para cá a moda não pegou. A Gazeta do Povo teve ombudsman? Quando a Globo teve ombudsman? A Record? A Folha de Londrina, talvez? Aliás, em que mundo do futuro a Rede Massa terá um ombudsman? No interior do Brasil, só conheci o caso do Jornal da Manhã (de Ponta Grossa) e de jornais-laboratório. De capitais, sei que Fortaleza tem (O Povo), São Paulo tem (Folha de S.Paulo), Nova York tem. Sonhemos com o dia em que “representantes de leitores” se tornem coisas antigas no Brasil, pois, por enquanto, correm o risco de nem entrar no catálogo de uma mostra experimental. Recomendo a leitura do artigo e do portal. Ambos são muito bons.

 

Sobre o humor 

O humor e liberdade de expressão são parceiros. Humor fajuto e tédio são irmãos siameses. Talvez o único limite do humor seja o de ser verdadeiro e, claro, passear pelas ideias, não escolher pessoas e tipos por alvo de humilhações, por exemplo. Não estamos falando de agressões, estamos falando do que dá aquele nó lógico na cabeça e nos faz pensar “bem bolado”. O Editor-assistente achou a edição de humor muito fraca e adolescente. Segundo ele, perde-se espaço para literatura boa quando apostamos demais em humor. A crítica dele é válida e deve ser considerada. Se algum texto ficou devendo na sua autenticidade, merece o selo de canastrice. Mas humor deve ser considerado, só é preciso achar a mão.

O brasileiro médio em geral não é de lotar peças de teatro dramáticas, nem de dar audiência a tragédias. Há certo consenso que o humor lubrifica as relações sociais. É como se o brasileiro já não fosse por demais sociável e não precisasse ficar um pouco mais calado e observador, de vez em quando. Que participa ou testemunha do humor escrachado ou do melodrama. Um texto como “Menino Lobo”, de Marco Aurélio de Souza dá uma dissertação de mestrado. Saber como o jornalismo cultural hoje não só vira o domínio do Ctrl C + Ctr V, mas que simula entrevistas cuja matéria-prima são mentiras deslavadas. Ou seja, será que é preciso fazer piada quando até o mais provinciano jornal coloca o absurdo sob holofotes? Os humoristas precisam ser bons, é só isso que devemos cobrar deles. Porque a realidade não está dando trégua.

 

Sabedoria krenak 

Aílton Krenak vive num outro tempo. Aílton é multidialetal, poliglota, politizado e ainda sabe contar uma história por muitas horas – e quem sair dali vira lobisomem. O Aílton realmente sabe fazer chorar. Quem não aspira a sabedoria desse líder que canta para o céu subir e consegue o que quer? Como a gente pode se tornar um dele? Como seria possível assimilar a sua cultura numa velocidade como as atléticas de engenharia assimilaram o rúgbi? Como? Perguntas que não sabemos responder. Graças à nossa incapacidade de entender os “povos originários”, a gente fica falando bobagens em vez de chama-los para a conversa e ouvi-los. Quantos desses a gente vê em feiras literárias, lançamentos, palestras ou compartilhados em nossas timelines? Vejamos: Ailton Krenak, Daniel Munduruku, Cristino Wapichana, Kaká Verá, Eliane Potiguara, Aurilene Tabajara, Edson Kayapó, Edson Krenak, Tiago Hakiy. As ilustrações de Denilson Baniwa? Quantos irão aparecer em nossas recordações do Facebook e nos presentes de amigo secreto? Não basta a gente achar o máximo ouvir “Koangagua”, dos Brô MC´s. Nem Curtir e Compartilhar o videoclipe deles feito nas aldeias Jaguapiru e Bororó, lá em Dourados (MS). Não basta descobrir que “Koangagua” significa “Nos dias de hoje” e que para um rap cantado em guarani não tem nada melhor mesmo que ler a legenda. Não basta achar cult, tem que entender.

 

RelevO Capital

Se a CartaCapital tivesse um assinante para cada cem replicadores dos seus conteúdos, ela seria (de longe) a revista mais estável do país. Moral da história: todo mundo quer “mudar a comunicação”, mas apoiar o que já está fazendo a diferença não dá lá muito ibope. O mesmo pode ser dito do RelevO.

 

INSS

O ISSN por enquanto não saiu. O ombudsman continua cobrando a equipe editorial para que o RelevO seja lido em cada canto do mundo a partir do momento em que for impresso o código de barras mágico. O editor disse que está correndo atrás da papelada. #EstamosdeOlho

Ben-Hur Demeneck: Oito dígitos para atravessar mares

Coluna de ombudsman extraída da edição de novembro de 2014 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


A “0028-792X” publicou Hiroshima, de John Hersey. A “0014-0791” veiculou Frank Sinatra está resfriado, opera magna do Novo Jornalismo de Gay Talese. Na França, os leitores da “0298-3788” a chamam pelo diminutivo Les Inrocks. O satírico “1240-0068” virou alvo de um atentado que vitimou os cartunistas Charb e Wolinski, gerando manifestações globais pela liberdade de expressão.

Embora tenha comemorado cinco anos de circulação, o jornal RelevO ainda não possui ISSN. Sigla de “International Standard Serial Number”, em português o termo se traduz para “Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas”. A partir desse código de oito caracteres, pode-se recuperar muitas histórias da literatura, do jornalismo cultural e do cartunismo.

A crítica da Europa deve muito a suplementos de jornalões, como o do alemão “0174-4909” e do espanhol “0213-4608”. Na América Latina, a imprensa nanica encanta pela ousadia, caso do “0327-1706”. Por 25 anos, o título se espalhou desde Buenos Aires e Rosário sob a edição de Daniel Samoilovich. De três em três meses dedicava umas 40 páginas a obras de poetas.

A brincadeira com algarismos ilustra o quanto o ISSN aparece em todo lugar. Em sequência, citamos as revistas The New Yorker, Esquire, Les Inrockuptibles, os jornais Charlie Hebdo, Frankfurter Allgemeine Zeitung, El País e o Diario de Poesía. O motivo de essas produções se curvarem a um código de barras tem a ver com documentação, expansão da distribuição e, sobretudo, porque elas almejaram ter impacto cultural em terras distantes.

O ISSN identifica e individualiza mais de 1 milhão de títulos de publicações seriadas ao redor do mundo. Não importa o idioma, não importa qual seja o suporte físico. A partir de Paris, a rede de certificação integra cerca de 88 centros nacionais e regionais. No Brasil, desde 1980, quem se responsabiliza pela concessão do número é o IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – http://www.ibict.br/).

Por sobrarem motivos para singularizar qualquer publicação diante da comunidade internacional, questionamos por que este jornal literário não estampa um ISSN. A resposta foi animadora. “Nós não temos ISSN ainda, mas estamos providenciando a documentação toda para este mês de novembro”, respondeu o editor-chefe Daniel Zanella. “A edição de dezembro deverá ter esses dados no expediente”, prometeu. É uma ótima notícia para nós que queremos atravessar mares.

 

Perigo dos medalhões

Em carta à redação, um autor reclamou do novo projeto gráfico e da diminuição em 25% da quantidade de páginas. Para ele, o RelevO “deixará de publicar novos autores e passará a dar espaço somente para medalhões, como todos os outros jornais do segmento”. O autor-leitor tem uma preocupação válida e deve permanecer atento. Quanto ao corpo editorial, ainda precisará de um tempo para convencer o leitorado e os colaboradores de que acertou.

Na contramão dos receios, a última edição manteve experimentações que caracterizam o impresso – ficção, poemas eróticos, respostas espirituosas a leitores, artigo acadêmico, texto cujo fluxo manda os sinais de pontuação às favas, diálogo epistolar com aquele vagar das diligências confiadas a carteiros, humor anarquizando até referências literárias com piadas de salão e traumas históricos etc.

Ainda que (no país do pistolão) sempre caia bem chamar um medalhão para reconhecer a firma alheia e (em qualquer lugar do mundo) o “ibope” tenda a seduzir publishers, o RelevO tem descumprido tais estratégias de alpinismo. Isso não significa que você, prezado leitor, vá deixar de enviar sugestões para que o jornal continue comprometido com o experimentalismo e a pluralidade. Mande já o seu recado.

 

Assinantes e mecenas 

Os produtores do RelevO abriram uma questão interna com este ouvidor – “os assinantes devem receber o jornal antes dos leitores que têm acesso aos pontos de distribuição, considerando que o jornal circula gratuitamente? ” As alternativas dividem o grupo.

Meios de comunicação sem fins lucrativos vivem diante do impasse de conceder ou não privilégios a apoiadores. Numa época tiranizada pelos valores do mercado, eles se ocupam em alcançar a independência econômica e sabem que a globalização pós-1989 totalizou a figura do consumidor e esmoreceu a do cidadão. 

Hoje, o indivíduo que paga cinquenta reais para blindar e personalizar seu smartphone, pode considerar um desaforo bancar uma publicação cultural pelo valor equivalente. Em compensação, ainda existem os protetores dos periódicos literários.

Os assinantes apostam na preservação dos espaços de artifício e fantasia, e acorrem à mídia certa. Um jornal gratuito é o canal por excelência para promover hábitos em desuso (ex.: esmiuçar ideias, cultivar laços de solidariedade, democratizar conhecimentos sem fazer demagogia). O difícil é descobrir como expandir essa rede de mecenato.

 

Letras negras 

Recomendo o livro A descoberta do insólito: literatura negra e literatura periférica (1960-2000), de Mário Augusto Medeiros da Silva (Editora Aeroplano, 2013, 688 p.). Além de ser uma aula de metodologia científica e um retrato de paixão acadêmica, apresenta e contextualiza autores fundamentais para pensarmos o Brasil em que vivemos. A obra recebeu algumas honras, entre elas o “Prêmio para Jovens Cientistas Sociais de Língua Portuguesa”, concedido pela Universidade de Coimbra. A tese que deu origem ao trabalho pode ser baixada gratuitamente pela Biblioteca Digital da Unicamp (http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/), desde que se faça um cadastro com e-mail. Para facilitar o acesso, fizemos um link direto –http://bit.ly/ombudsman_bhd. Um alerta: A descoberta do insólito é livro para se ter um exemplar em cada biblioteca do país.

 

Por que não fico famoso

“Eu não gosto de ler. Só gosto de escrever” (Anônimo).

Ben-Hur Demeneck: A prestação de contras

Coluna de ombudsman extraída da edição de outubro de 2014 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


O ombudsman é o cosplayer do leitor. Afinal de contas, o leitor é o herói do ombudsman. Primeiro, porque ele devora páginas rodeado por uma massa de uns 88 milhões de brasileiros não leitores. Segundo, porque nosso personagem se interessa por textos deliciosamente inúteis numa sociedade viciada pela informação. Portanto, esta coluna sempre se escreve em tributo ao leitor desconhecido.

O ombudsman é tão adorável quanto qualquer figura que faça mediação de disputas. É tão querido quanto um árbitro de futebol que, embora honesto e experiente, perdeu o condicionamento físico para correr um clássico. Apenas não pense que, diante de tais contingências, ele vá deixar de intervir quando possa. Faz parte do jogo.

Arrolar deslizes e reclamações exige cautela. Muito assunto de interesse público ainda se converte em discussões pessoais ou em fantasias de conspiração graças ao fato de que, no Brasil, o espírito da Inquisição tenha chegado antes do espírito da imprensa. Tradição que foi renovada a cada geração, como na época em que era aberto concurso público para contratação de censores de jornal.

Um ombudsman deve ignorar fuxicos, picuinhas, solilóquios e experiências catárticas alheias a fins estéticos. A sua missão passa por sugerir a autocrítica e por destacar o papel dos leitores em uma publicação – mostrar que eles são tão importantes quanto quem produz o meio e a mensagem. Sem mais rodeios, vamos começar nossa prestação de contras.

 

Oito páginas a menos 

Uma em cada quatro páginas do RelevO desaparece. Em números absolutos: cortam-se oito páginas em favor de 500 exemplares extras (aumento de tiragem de 16%). Segundo os produtores do jornal, a perda de espaço será compensada com maior qualidade dos textos.

Uma diminuição de 25% do tamanho do jornal implica necessariamente em: (a) menor quantidade de autores; (b) menor tamanho de textos; (c) as duas opções anteriores. Ao recuperar a trajetória do jornal, constata-se que ele começou com 8 páginas, em outubro de 2010. Lá por 2013, ele teve 12 e, depois, 24 páginas. Em 2014, no período em que o Brasil comentava a queda do avião do candidato presidencial Eduardo Campos, o RelevO circulava com 32 páginas.

“Promover novos autores, abrir espaço aos cronistas sem jornal, aos cronistas que, cada vez menos, detêm espaço nas linhas editorais modernas” – destaco esse trecho do editorial da primeira edição para dialogar com você, leitor. A pergunta é: se os gastos em gráfica permanecem os mesmos, cortar oito páginas lhe parece uma escolha editorial acertada? Aumentar a relação “texto enviado / texto publicado” reforça ou fragiliza o compromisso de divulgação dos “cronistas sem jornal”?

A perda de diversidade pode ser compensada por maior qualidade? Vinte e quatro páginas são suficientes para dar vazão aos autores que merecem publicação no jornal? Leitor, mande a sua resposta. Ainda que ninguém duvide que o RelevO inscreva a literatura na rotina de milhares de brasileiros, quero saber qual é a sua avaliação quanto ao novo horizonte de trabalho (Menos Espaço, Mais Qualidade).

 

O leitor quer saber

ENTREGA: cinco assinantes reclamaram de atraso nas entregas dos exemplares. A equipe responsável pelos despachos postais admite o erro; lentidão que foi agravada pelo indicativo de greve dos Correios. Protesto devidamente registrado, pois a leitura urge!

ERRATA: a pedido do colaborador Tiago Jonas, a nova edição publicará uma errata contendo o endereço da página Interzona. Motivo: indicar que houve republicação de conteúdo.

FALTA DE SITE: um leitor questionou a ausência de site e de opções online para fazer a assinatura do RelevO. Embora não haja porque ser contra a criação de um site, não se pode subestimar os gastos de manutenção de um portal. Já fui editor de publicação independente e esse tipo de pergunta me era comum. Porém, nem sempre o leitor observa que uma página virtual exige um excedente de capital e de trabalho – os quais já custam muito para o impresso chegar às ruas. Enquanto aguardamos novidades, o jeito é se contentar com os PDFs do Issuu. Quanto às opções de assinatura online, elas merecem atenção imediata. A partir de PayPal e sistemas semelhantes, muitas publicações e eventos têm conseguido maior sustentabilidade.

 

Evento “Literatura de confronto”

Uma vez que a visibilidade de novos autores importa ao RelevO, vale a pena conferir manifestações como o ciclo Literatura de Confronto. O evento foi sediado no Centro Cultural São Paulo durante os dias 18 e 20 de setembro. A convite dos escritores Márcia Denser e Ricardo Soares, cerca de 15 debatedores fizeram um diagnóstico crítico do circuito literário.

Os títulos das mesas-redondas dispensam comentários e deram o tom das discussões: (a) “Literatura de Confronto vs Literatura de Conforto: mercantilização, mediocrização e curriolização da literatura nos dias atuais”, (b) “O Vazio Crítico (A renovação da crítica – espaços vazios – ficção científica & outras) e (c) “Obra Aberta – Caminhos (Editores Independentes, Internet e Poesia Sempre)”.

“Não queremos excluir quem está em atividade. O que questionamos é a representatividade de quem fala em nome da literatura brasileira atualmente”, resumiu Ricardo Soares em sua fala de abertura. Para quem quiser saber mais do ciclo, os textos das palestras estão disponíveis no blog Escrita (escritablog.blogspot.com.br, no post do dia 02 de outubro).

RelevO 5 anos: The best of ombudsman

Coluna de ombudsman extraída da edição de setembro de 2014 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


Critérios de seleção: nenhum

 

Osny Tavares: março de 2014

É um tempo interessante para ser jovem. Tudo parece aberto à refundação e cada pequeno setor da vida abriga um comitê repleto de delegados a discutir até as cláusulas pétreas da vida. O que era automático, uma imposição da cultura sobre a qual não se refletia, torna-se um ato político. De mastigar um bife a torcer pela seleção brasileira na Copa, o indivíduo é desafiado pelos significados sociais de seus atos. O que é ótimo, pois parece um caminho necessário à lucidez.

Penso que a literatura, e principalmente do tipo que fazemos aqui, tenha um papel importante em estabelecer um conhecimento mútuo entre os atores. Por dois motivos: primeiro, o imediatismo do periódico mensal dedicado ao texto curto permite uma reflexão quente, mas já com certo arrefecimento de ânimos. Por vezes, a contagem de dez segundos é insuficiente para recuperar a ponderação. Em um mês, entretanto, é possível contar até 2,6 milhões.

Não defendo, claro, que o jornal se torne refém de uma pauta de acontecimentos imediatos e se preocupe em caricaturar o real em pseudoliteratura. Mas é inegável que os fenômenos que presenciamos atualmente representarão parte significativa de nossa identidade de época.


Lourenço Pinto: julho de 2014

Não há literatura sem leitores, assim como não há idolatria a David Luiz sem sérios problemas gerais de interpretação. Os textos, enfim, também melhoraram muito, sustentados por uma base maior de colaboradores, interessados e curiosos. O que começou como mezzo belo projeto, mezzo belíssimo pretexto para o editor enviar e receber poesia de belas mulheres, já se transformou em mezzo belo projeto, mezzo belíssimo pretexto para o editor enviar e receber poesia de belas mulheres, porém com maior qualidade no texto e, suponho, das mulheres (carece de fonte).


Whisner Fraga: dezembro de 2014

A questão que se levanta e que deve ter assustado todos os resenhistas de jornais literários é: até que ponto o crítico pode escrever o que bem entende de uma obra? Até que ponto o escritor pode se melindrar com uma resenha negativa? Bom, responder estas perguntas, quando ficam no âmbito pessoal, é fácil. Cada um faz o que quer quando o assunto se restringe a questões de frivolidade. O complicado fica para quando o autor decide levar a questão à justiça.

O escritor pode processar um resenhista que escreveu uma crítica depreciativa, mesmo que feita com argumentos razoáveis, dentro de parâmetros e pressupostos praticamente científicos? A resposta é sim. Existe advogado é para isso mesmo. E o juiz, como se portaria diante de uma demanda desse naipe? Como não tenho conhecimento de caso semelhante que tenha sido julgado em qualquer instância, não posso defender nenhum tipo de questionamento, a não ser que me causa muito estranhamento que um ficcionista ou poeta se posicione desta maneira.

Como, todavia, se trata de um caso fictício e como o jornal RelevO jamais passou por situação semelhante, venho publicamente me desculpar por esse texto completamente desconexo e inútil e pedir a todos os leitores e contribuintes deste conceituado periódico, que não deixem a literatura nunca chegar a este nível e que rechacem com veemência qualquer tentativa de ridicularizar uma arte que já deu ao mundo presentes como “Grande Sertão: veredas” e “Dom Casmurro”.


Carla Dias: junho de 2015

Compartilhar discos, filmes e livros com os amigos, não somente por meio de indicação ou empréstimo, mas também os presenteando com esses itens, faz parte da minha realidade desde que comecei a trabalhar.

Sim, faz tempo.

Independente do meio ou da linguagem, compartilhar gosto pode ser ação catedrática. Durante o processo, aprendemos que o que nos agrada pode ou não agradar ao outro. Ainda assim, é um processo que nos oferece a chance de conhecermos algo novo, como doador ou receptor do conhecimento.

A cada edição do RelevO, conheço alguém novo capaz de me fascinar, o que sempre é um prazer. Dessa forma, tenho dialogado com universos díspares e interessantes. É pessoal a tarefa de passar adiante aquilo que verdadeiramente nos toca e julgamos merecedor de um amigo conhecer. Em uma época em que falar mal é praticamente rotina, passar um gosto adiante pode trazer frescor ao espírito de muitos.

Carla Dias: Até daqui a pouco!

Coluna de ombudsman extraída da edição de agosto de 2015 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


Sou péssima em despedidas. Quase sempre saio do tom, digo bobagens, fico com a sensação de que a melhor coisa a se fazer é sair correndo. Despedir-se de pessoas pelas quais tenho apreço é complicado e me dá taquicardia. Porém, despedidas fazem parte da vida, e, às vezes, temos de nos despedir também dos nossos sonhos – que não há como serem realizados do jeito que os sonhamos, das oportunidades pelas quais aguardávamos ansiosamente, mas não chegaram. Da casa onde crescemos e dos empregos aos quais não temos mais o que oferecer, e por aí vai.

Quando não tem a ver com pessoas, despedir- se é antessala do desapego. Dizem que desapego é necessidade vigente. Sou péssima em desapego. Sempre saio de cena dizendo “até daqui a pouco!”. 

Este é meu último texto como ombudsman do RelevO. Sei que desempenhei esse papel de um jeito diferente, mas não houve como evitar. Como não comentar sobre tantos escritores talentosos? E os ilustradores? E a dedicação das pessoas envolvidas em colocar o jornal para circular?

O RelevO nasceu ideia e desejo de uma pessoa e se tornou projeto e benquerença de muitas outras. Quando isso acontece, o valor do feito é inquestionável. O sonho de um se torna o de muitos. Foi essa a importância que descobri no jornal.

Quem me conhece sabe que não escrevo sobre o que não me agrada, ao menos quando se trata de gosto, de afinidade. Escrever para o RelevO foi das tarefas mais agradáveis. Há pluralidade nesse jornal, um comprometimento com a publicação de obras de autores que trazem frescor ao cenário literário. Esse tipo de pluralidade é o que garante, em qualquer área das nossas vidas, a capacidade de compreendermos que não somos donos da verdade. Compreendendo isso, evitamos as mancadas da intolerância e criamos cenários para o cultivo do bem-estar geral.

A edição de julho contou com ótimas participações. Com “buraco”, Noemi Jaffe e me fez refletir sobre a urgência gerada pelo medo, que nem sempre é inspirado por fatos, mas pelo ensimesmamento. “acode, mãe. o que foi, filha? é o sumiço, mãe, esse buraco, essas coisas que eu não tinha também, o que eu perdi, o que eu ainda não tive…”. Inquietou-me um tanto esse texto. 

Quem se divertiu com a “Libertadores Literária”? A Final me deixou tensa…

“Cenas Urbanas” sempre é leitura bem-vinda. Daniel Zanella é hábil ao nos transportar à cena que descreve e sobre a qual reflete. Não fosse assim, eu jamais conseguiria imaginar a conexão entre a série Californication, cerveja e funkeiros dos carros. “Quase Cinco” é mais um texto bacana, com reflexão de sacada. Adoro reflexões. Adoro sacadas.

Muito me agradou o “Museu Kodacolor dos Filmes Não Usados”, de André Knewitz. “Também converso com plantas, e enfiei o smartphone no vaso, a samambaia responde via twitter.” Gostei do ritmo do texto, da ideia de um personagem assistindo a um provável suicídio, enquanto elabora o seu próprio, “Não agora, mas depois.”, assim como a mania dele de chamar pessoas por outros nomes: “… nomes de coisas banais. Tem o Pipoca, o Incenso e a Parafuseta.”

Rômulo Candal, que participou da edição pelo Obscenidade Digital, me ganhou com o seu “De Que Adiantam Sonhos Bons?”, onde fala de um homem que ficou muito doente e que tem como sintoma derradeiro a vontade de morrer. Durante a espera, ele escreve poesia ruim e prefere os pesadelos, já que os sonhos bons não o libertam da letargia de homem doente à espera da morte. “Os sonhos tecnicamente agradáveis, aqueles em que Jorge voa, em que joga bola, ou aqueles em que transa e acorda saciado, quando se vão, jogam Jorge de volta à vida de esgoto em que vive. Os sonhos bons não têm dó daqueles que sofrem acordados”. Não, eles não têm.

Ademir Demarchi escreveu sobre o poeta Ademir Assunção, em “Cinerário”. “Poesia Escrita Com Sangue” trata da importância do poeta, destaque entre os poetas contemporâneos. Não conhecia o poema de Assunção que Demarchi destacou, “Homem só”, que foi musicado pelo talentoso Luiz Waak. Procurei e achei o belíssimo disco “Rebelião Na Zona Fantasma”, também comentado no texto. Somente um talentoso poeta para lançar um belo disco declamando poemas com trilha sonora.

Traduzido por Jussara Salazar, o trecho do livro “O Diário de Frida Kahlo”, que fecha a edição, é pintura em palavras: “Tudo tu no espaço pleno de sons – na sombra e na luz. Tu te chamarás AUTOCROMO o que capta a cor. Eu CROMÓFORO – a que dá a cor. Tu és todas as combinações dos números, a vida.”

As ilustrações de Dê Almeida e o Estúdio Vermelho Panda completaram a viagem pela edição de julho. Em uma pré-despedida, Whisner Fraga – quem me convidou para substituí-lo como ombudsman – ocupou o Expediente da mencionada edição. Acho que o pessoal do RelevO está com saudade dele. Eu também estou.

Despeço-me da função, mas não do jornal. Continuarei leitora e apreciadora do trabalho feito por aqui. Que este espaço continue disponível para a literatura e para os leitores. E que inspire projetos semelhantes.

Carla Dias: Literatura feminina? Não… Literatura.

Coluna de ombudsman extraída da edição de julho de 2015 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


Na edição de abril do RelevO, escrevi sobre o quanto me agradava a ideia de incluir material fotográfico no jornal. Habituada que sou a pegar emprestadas imagens de amigos artistas para ilustrar os meus textos – e às vezes escrevê-los ao ser inspirada por elas –, vejo na combinação delas com as palavras uma forma expressiva de se dizer importâncias. Não é cinema, ainda assim, pode se passar por cenas de um filme imaginado.

Junho chegou trazendo a concretização desse desejo de alguns, inclusive do meu. Durante o processo de seleção para a antologia de cinco anos do periódico, percebeu-se que foram publicados mais homens do que mulheres. Achei muito bacana a edição seguinte a tal descobrimento ser quase que totalmente composta por mulheres.

Isabella Lanave apresentou seu olhar aos leitores por meio da belíssima imagem de capa. Suas fotografias também se espalharam pelas páginas do jornal, dividindo espaço com as ilustrações de Sabrina Gevaerd Montibeller, estas emprestadas do zine “Nem Todo Mundo Gosta de Viver”.

Mas a edição passada não foi somente enriquecida com olhares femininos. Ela foi feminina também na sua atuação como vitrine de autoras, as mulheres que trafegam pela literatura, que vão muito além da dita literatura feminina, essa corrente enrolada em boá com a qual a sociedade e o mercado costumam tratar o fazer literário das mulheres. 

Literatura é literatura. 

Aqueles que pensam que as escritoras se enveredam somente pelo universo escoado na literatura de banca de jornal – revistas especializadas e livros dos quais os títulos são nomes de mulheres – estão perdendo a oportunidade de conhecer pessoas que sabem contar histórias e chacoalhar espíritos com poesia. O dia em que pensarmos em pessoas sem nos apegarmos ao gênero, usufruiremos do feito do ser humano com mais generosidade e profundidade. A partir daí, talvez possamos parar de lutar pelo direito de ser para então sermos.

O mercado literário passa por (mais) um momento atribulado, até mais sério do que alguns dos outros momentos atribulados que já constam no seu currículo. Ainda que não faltem escritores com obras que mereçam ganhar as prateleiras das livrarias – físicas e virtuais –, anda cada vez mais complicado fazer isso acontecer. As pequenas editoras – algumas delas acostumadas a sobreviver aos percalços econômicos – são a garantia de que teremos bons livros disponíveis.

A questão continua sendo sobre como lidar com a formação do leitor. É ele, afinal, quem faz essa roda girar. “Da Crítica [1]”, de Camila von Holdefer abordou a questão: “Faz sentido propor um caminho inverso em que a crítica auxiliaria na formação de leitores? É possível usar a manobra conhecida da publicidade e, ajustando o discurso, criar a demanda (pelos livros) a partir da oferta (crítica)?”.

Não importa o tema, mesmo que chegue explícito, apresentado em absoluto escancaro. Ainda que mergulhe em metáforas. Nós tendemos a adaptar poemas ao nosso momento. Poesia cabe na gente, de acordo com a nossa necessidade emocional. Em Lilith, Victoria Lobbo escolheu brincar com as palavras e a imaginação do leitor: “pra meter os dedos/ numa fresta/ e sentir deslizar/ apertados entre/ duas folhas”.

Assionara Souza nos mostrou – por meio de seus contos curtos, oriundos do livro “Na rua: a caminho do circo” – em “A Literatura Existe”, que as histórias imaginadas para os livros se cruzam, constante e inspiradamente, com as que desfilam pelas ruas… E pelos sebos. “A moça ruiva parada em frente ao Sebo confraria surpreendeu-se com o vento a erguer-lhe a saia. Lá de dentro, Cristovão viu; olho treinado de cineasta amador.”

“do céu, versão menor”, de Cristina Judar, reverbera a beleza nascida das dores, ela que chega ao leitor na forma como a autora desnuda a violência, incutindo em momento significantemente dolente o olhar que encontra o encantamento. “O céu nunca se repetia. Doce lar de toco de estrelas, asas e coisas passageiras, eram constantes sobre ele as nuvens; sobre ela, as solas. Intercaladas em um movimento contínuo de revelar/esconder as partes íntimas do firmamento”.

As mulheres clicadas por Lanave, na nudez que lhes cabem, assumiram posto de cenário para as palavras de Patricia Laura Figueiredo e o seu “verniz”: “descascou a palavra/de todo encantamento/raspou com a faca/todo o seu verniz”. Também o contrário poderia ser, e assim se apresenta a versatilidade oferecida pela arte, sempre debruçada em um desnudar constante. Há também dias em que cenário é roteiro, e outro em que o roteiro faz a vez de cenário, sempre ao gosto do sentimento vigente do freguês.

Prosa e poesia, fotografia a e ilustração. A edição passada do RelevO nos trouxe, como sempre, boas novas literárias. Impossível comentar todas. Só posso dizer que, se você não leu a edição de junho, leia. Antes ou depois de apreciar a de julho, não importa. Importante mesmo é que literatura é literatura, e por meio dela, homens e mulheres exercitam a contemplação.

Carla Dias: Mais prazer, por favor

Coluna de ombudsman extraída da edição de junho de 2015 do Jornal RelevO, periódico mensal impresso. O RelevO pode ser assinado aqui. Nosso arquivo – com todas as edições – está disponível neste link. Para conferir todas as colunas de nossos ombudsman, clique aqui.


Compartilhar discos, filmes e livros com os amigos, não somente por meio de indicação ou empréstimo, mas também os presenteando com esses itens, faz parte da minha realidade desde que comecei a trabalhar. 

Sim, faz tempo. 

Independente do meio ou da linguagem, compartilhar gosto pode ser ação catedrática. Durante o processo, aprendemos que o que nos agrada pode ou não agradar ao outro. Ainda assim, é um processo que nos oferece a chance de conhecermos algo novo, como doador ou receptor do conhecimento.

A cada edição do RelevO, conheço alguém novo capaz de me fascinar, o que sempre é um prazer. Dessa forma, tenho dialogado com universos díspares e interessantes. É pessoal a tarefa de passar adiante aquilo que verdadeiramente nos toca e julgamos merecedor de um amigo conhecer. Em uma época em que falar mal é praticamente rotina, passar um gosto adiante pode trazer frescor ao espírito de muitos.

A ilustração de capa de maio estava uma lindeza. Obrigada ao Daniel Imaeda por isso, quem deu cara à coleção de excelente material. Durante a jornada da edição passada, Adriana Sydor me inspirou a me apaixonar pela sua casa que ainda será, mas que também já é. Em “Sonhos de arquitetar”, Sydor nos mostra sua casa interior em busca do espaço externo, espalhando-se por código postal equivalente aos devaneios da autora. “O que não for janela, bem pode ser vidro, o que não for porta, transparência.” Belo texto para a sala de estar de qualquer espírito inclinado ao aconchego.

De personagens da Warner, passando pela frequente incoerência do animal-humano, Bolívar Escobar fala sobre uma curiosidade coletiva: quem come quem? Por quê? Como chegamos a isso? “Um abraço é um ato solipsista não importa em quais deuses você não acredite” se debruça na cadeia alimentar, questionamentos e nas declarações de cientistas, assim como no devaneio sobre a função deles, claro. “Os cientistas só devem estudar aquilo que faz parte do universo. O que não faz deve ser estudado pelos artistas e pelos malucos.”

Sou apreciadora dos oráculos. Posso até me relacionar com os tais ligeiramente com o pé no imaginário, mas tenho sincero respeito por eles. Em “Dizem que os orientais”, Julia Raiz fala sobre a forma como os orientais embrulhavam os livros sagrados – dos oráculos aos obscuros – em tecidos ricos. Então, ela menciona como uma tribo africana lida com seus mortos. Dos oráculos aos rituais, passando por uma reflexão profunda inspirada por um corte na mão, ela chega ao que lhe inquieta: a morte de um ente querido. Um texto delicado, com quê de desamparo. “Bom, dizem que os orientais embrulham tais livros em tecido rico como a seda ou o veludo ou com outros tecidos ricos dos quais não conheço o nome.”

Quem nunca tentou explicar a saudade, prepare- se, porque isso um dia vai acontecer. Alguns dos que já tentaram, acabaram por criar primorosos poemas, como o “para falantes doutras línguas”, de Ricardo Escudeiro: “atadura que não estanca nada/ essa foto na palma/ há espaços ainda/ em tempo de serem jamais/ uma derradeira vez habitados”.

Ainda sobre desnudar-se em poesia, “Ode à mulher que não goza”, de Sissa Stecanella, expõe verdades sobre mulheres que se submetem ao falseado prazer como se estivessem a se esbaldar no verdadeiro: “Ode à mulher que não goza/ Que toda orgulhosa se diz importante/ Deita-se na cama, faz cara de freira, se finge de morta/ Abre as pernas, gemidos alheios,/ Dá-se por contente, com seu amante precoce”. Minhas caras – e meus caros –, como dizem por aí, a vida é muito, mas muito curta para gastarmos a dita no faz de conta. Sendo assim, por favor, gozem na maior veracidade. Caso não dê certo, não perca a vida, mude de parceiro. 

Não tenho qualquer talento para colorir. Pense em alguém incapaz de combinar cores decentemente, ou em uma indecência com certo grau de coerência. Eu mesma. E se era o _ m do mundo quando criança, a versão adulta só piorou a falta de talento. Então, para que insistir? Ainda assim, fiquei tentada a encarar o “RelevO de Colorir para Adultos”. Definitivamente, colorir não é comigo. Alguém coloriu e se sentiu mais feliz?

Maio trouxe uma edição muito interessante do periódico, daquelas que inspiram mergulhos mais profundos e há humor envolvido. Pacha Urbano trouxe aos nossos leitores as tirinhas de “As Fantásticas Traumáticas Aventuras do Filho do Freud”, revigorando aquela máxima de que o humor tem o poder de explicitar seriedade com a maior graça e entendimento. Quem não conhece essa vertente do trabalho do Pacha Urbano, sugiro uma pesquisa. É material bom e que vale o tempo do leitor.

Não há como comentar tudo o que apreciei na edição passada. Sendo assim, finalizo com as palavras de Gigi Godoi em “velha queda”, que tocou em assunto que me pega sempre de jeito, a paixão por determinadas palavras, que às vezes me leva a ter de evitá-las para que os textos não soem como reprise: “tenho velha queda por certas palavras/ elas preenchem o buraco da minha expectativa…”.